Formação UCA Brasil:

30 de junho de 2010

Revisão de Textos no computador

Na hora de revisar, o computador é o melhor instrumento para explorar várias maneiras de aperfeiçoar um texto sem perder tempo

Beatriz Vichessi e Tatiana Pinheiro



Em vez do lápis, da borracha e das canetas coloridas, o mouse e o teclado. Essa é uma troca bastante vantajosa quando o objetivo é explorar vários aspectos da revisão. Para isso, basta um computador simples, que tenha o programa editor de texto.

Um dos primeiros ganhos que a máquina proporciona é a liberdade para trabalhar as questões relacionadas ao formato da produção de acordo com o gênero, sem que para isso os alunos tenham de reescrever todo o material. É possível pedir a eles, por exemplo, para transformar um conto em uma peça teatral (leia o projeto didático). Também é válido propor à garotada revisar um conto conhecido por todos, que tenha sido reescrito por outra turma e esteja sem a paragrafação correta, apresentando falhas de pontuação ou muitos termos repetidos. Assim, como sinalizam as pesquisadoras Emilia Ferreiro e Sonia Luquez no texto La Revisión de un Texto Ajeno Utilizando un Procesador de Palabras (A Revisão de um Texto Alheio Utilizando um Computador), é possível analisar onde e como a garotada intervém (e se intervém, já que identificar o que está bem colocado é uma parte importante da revisão), quais termos incorpora ao material ou se insere modificações em relação aos aspectos discursivos.

O trabalho com o computador também confer e praticidade à execução das revisões que o autor julga serem válidas em seu próprio texto e das que forem sugeridas por você. Esse é um dos benefícios explorados por Luis Junqueira, que leciona Língua Portuguesa para o 6º e o 7º ano na Escola Castanheiras, em Santana do Parnaíba, na Grande São Paulo. Depois que os alunos finalizam uma produção, ele registra comentários nos arquivos, parágrafo a parágrafo (leia os quadros abaixo, com trechos de produções individuais de alunos do 6º ano). Sem i ntervir diretamente no material, o educador sugere aos autores adequar trechos, melhorar a pontuação, detalhar a descrição de uma cena e eliminar palavras repetidas, entre outras modificações. "A evolução de cada texto fica nítida quando as primeiras versões são comparadas à final", diz Junqueira.

Com o computador, a revisão fica mais profissional

Trabalhando com o micro, os alunos podem experimentar, fazendo inserções e substituições diversas vezes, sem deixar as marcas do processo - como rasuras - no produto final. Eles também lucram com o trabalho realizado pela própria máquina, que destaca termos digitados incorretamente e trechos com problemas gramaticais, sugerindo que eles sejam alterados e, em alguns casos, fornecendo opções de mudanças. À primeira vista, há quem pense que essas ferramentas podem tornar os jovens preguiçosos e escravos da tecnologia. Porém uma análise atenta da aprendizagem revela que essas facilidades fazem com que eles se tornem cada vez mais autônomos como autores e revisores, pois trabalhando assim podem dedicar tempo ao material propriamente dito e deixá-lo mais bem acabado.

Em suma, o educador pode avaliar se os estudantes estão desenvolvendo saberes para atuar como fazem os revisores profissionais, se estão se aprimorando em relação aos aspectos discursivos e indo muito além da correção de questões ortográficas quando lançam mão dos recursos tecnológicos.

Apesar de o uso do processador de textos ser uma tarefa técnica, não é recomendado programar uma aula prévia sobre as ferramentas à disposição, como ressalta Renata Pontual Ikeda, professora do Colégio Santa Cruz, em São Paulo. "O correto é abordar os atalhos e suas funções de acordo com as demandas que surgirem, enquanto a garotada desenvolve seus textos", ela ressalta.

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